É preciso aprender com a trágica morte do
cinegrafista Santiago Andrade. Não foi uma fatalidade. Essa morte lamentável
ofereceu o pretexto para a grande imprensa desencadear uma cínica campanha
tentando criminalizar a esquerda (Marcelo Freixo do PSOL e PSTU). Valeu-se das
denúncias do suspeitíssimo advogado Jonas Tadeu e das declarações da militante
Sininho. A criminalização da esquerda tem outro endereço principal, atingir o
movimento da juventude e criar o clima favorável à aprovação de uma nova
legislação autoritária, principalmente, o novo AI-5 que tramita no congresso,
conhecido como Lei Antiterrorista, que permite enquadrar como terrorista qualquer
manifestante. Esse projeto de lei tem o apoio também do governo Dilma, que tem
interesse numa copa do mundo tranquilo e nos negócios que ela representa. Essa
lei Antiterrorista significa uma ameaça autoritária a qualquer movimento. As
manifestações de junho/2013 surpreenderam e alarmaram a burguesia, que está
agora temerosa da possibilidade do efeito contágio sobre as vilas e os
trabalhadores, por isso, se precavem com essa legislação de fazer inveja à
ditadura militar.
A
esse propósito serviu a morte de Santiago. A direita (Alckmin, Cabral, serviços
de segurança, polícias militares e fascistas) tem enviado seus agentes
provocadores às manifestações com a finalidade de criar tumulto para
esvaziá-las e incompatibilizá-las com a opinião pública, no que tem sido bem
sucedida. Não por acaso, são apenas as manifestações pacíficas que têm sido
reprimidas brutalmente. Essa direita, paralelamente, tenta ampliar o seu poder
dentro da institucionalidade e desgastar eleitoralmente a presidenta. A
participação de agentes provocadores tem ficado evidente desde o início das
manifestações. Muitos fatos o comprovam. Agora, a lamentável morte de Santiago,
escancarou ainda mais essa realidade. O DNA da direita (no caso, Jonas Tadeu)
não pode mais ser ocultado, mesmo que a Globo tente envolver a esquerda.
PSTU
e PSOL sempre foram formalmente contra as depredações e a violência gratuita.
No entanto, estão pagando caro pela sua omissão política com relação a elas,
porque não assumem a sua responsabilidade como parte da direção política do
movimento. Não os exime a afirmação de que não se pode controlar atos de
terceiros. Pelo menos, se deve desautorizar o vanguardismo, que está
objetivamente de braços dados com a direita, de tal forma que não se consegue
distingui-los. Não se trata de denunciar companheiros, mas de combater
politicamente métodos inconsequentes e prejudiciais. Não se deve brincar com
fogo. A esquerda em geral subestima o estrago do vanguardismo e tenta
capitalizá-lo de forma oportunista.
O
nosso objetivo estratégico é a expropriação da burguesia através da insurreição
de todos os trabalhadores. O vanguardismo e o foquismo são estranhos e
perniciosos ao movimento do proletariado. A violência revolucionária só se
legitima se favorece a luta e conta com o apoio popular. O atual “esquerdismo
infantil” ou é obra da direita disfarçada ou leva água ao seu moinho. Oxalá a
infeliz morte de Santiago sirva para abrir os olhos de quem não quer ver.
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