sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

GREVE DOS RODOVIÁRIOS MANIPULADA PELAS BUROCRACIAS E PATRÕES


        A categoria dos rodoviários desempenha um trabalho estressante e fundamental para a sociedade. Apesar disso, é uma das mais exploradas. Os empresários do transporte acumulam fortunas e anualmente conseguem aumentos abusivos de tarifas a pretexto dos reajustes salariais. Isso só é possível pelo conluio com o governo, o judiciário e os pelegos sindicais. A planilha de custos é uma fraude sob medida para justificar aumentos de tarifa acima da inflação. Os serviços prestados são de péssima qualidade. Um exemplo de capitalismo predatório e irresponsável.
        Os reajustes salariais costumam ser o pretexto para os aumentos exorbitantes da tarifa. Os salários dos trabalhadores continuam arrochados, enquanto o lucro dos patrões engorda. Tanto é assim que, num período de vinte anos, os salários foram reduzidos à metade em relação à tarifa. Mesmo na hipótese de um reajuste igual entre salários e tarifa, os patrões ganharão muitas vezes mais que os trabalhadores, porque a massa salarial representa uma parte mínima da planilha de custos, e não os 40% como alegam os patrões. Toda a planilha é fraudada sob a vista grossa do governo, porque os empresários financiam as suas campanhas eleitorais. Não fosse também a cumplicidade dos pelegos sindicais, (no caso, a Força Sindical, que dirige o sindicato, e a oposição sindical, pertencente à CUT), essa maracutaia não seria possível.

A greve atual
        Mais uma vez, a categoria está sendo manipulada para justificar aumento de tarifa ou novas isenções fiscais. Os patrões são apoiados pelos pelegos (Força Sindical e CUT), pela prefeitura e pelo governo estadual, principalmente, para o aumento da tarifa. Todos são cúmplices dos empresários, mas também têm os seus interesses próprios. Por isso, as vezes, brigam entre si. O governo do Estado tem interesse na greve para favorecer os seus aliados, no caso a oposição da CUT, que tem dirigido as assembléias e o comando de greve. Também usa a greve para desgastar eleitoralmente Fortunati e o PDT. O possível aumento da tarifa serve a esse propósito, porque será debitado na conta do prefeito. Não por acaso, a Brigada Militar desempenha um papel “civilizado” com relação aos piquetes, como não é do seu costume. Assim, o governo Tarso faz “dobradinha” com os empresários, que também não pretendem colocar os ônibus na rua. Tarso assume pessoalmente a responsabilidade por esse papel da Brigada. Pelo mesmo motivo, desautorizou Fortunati quando o mesmo pediu a convocação da Força Nacional de Segurança.
         Fortunati não tem interesse na greve porque todos os seus ônus caem inteiramente nos seus ombros. Desta vez, não lhe interessa o aumento das passagens porque ainda não se apagaram as brasas do movimento de 2013. Solicitou repressão aos piquetes, denunciou a greve como patronal e exigiu do governo Tarso a isenção do ICMS aos empresários. Fortunati, como amigo dos patrões, não pensa em intervir no sistema de transporte ou conceder os 14% de reajuste para os trabalhadoresda Carris.
        A Força Sindical, direção do sindicato, faz o costumeiro jogo dos patrões. Propõe a reivindicação de 14% de reajuste como forma de iludir a categoria, porque está disposta a fechar acordo miserável. Transforma a categoria em massa de manobra dos empresários para o aumento da passagem. A oposição cutista, aparentemente radical, também serve ao aumento da passagem. Não denuncia essa intenção da diretoria. Também está disposta a um acordo fajuto com os empresários. Apenas protela esse acordo para se diferenciar e bajular a categoria. Seu objetivo principal é a disputa do aparelho sindical. Também faz demagogia com a exigência ao prefeito para que decrete a tarifa livre. Não cabe semear ilusão no prefeito patronal, quando a oposição encabeça uma greve “unânime” e radicalizada. Nessas condições, a implantação da tarifa livre durante a greve torna-se uma tarefa sua, porque está inteiramente ao seu alcance, mas se omite. Somente assim poderia transformar a greve de cavalheiros em luta efetiva. Colocaria o governo e os patrões na parede e ganharia os usuários do transporte. Em vez disso, transfere essa responsabilidade ao prefeito, demonstrando o seu compromisso com o patronato. Deveria exigir do prefeito, isto sim, a intervenção nas empresas de ônibus, como forma de desmascará-lo.
        A Conlutas, intersindical, CUT Pode Mais, PSOL e PSTU, formaram o Bloco de Oposição de Esquerda. Esse Bloco, mesmo se dizendo contra o aumento das passagens, apóia a oposição da CUT que é conivente com esse possível aumento. Os patrões apóiam veladamente a greve porque tem interesse no aumento da tarifa. O Bloco de Esquerda faz que não vê a manipulação da categoria. Também apóia a exigência da CUT a Fortunati para que decrete a tarifa livre durante a greve. Não defende a intervenção no transporte coletivo. Em vez disso, defende a proposta ambígua de um transporte 100% público. Nas condições atuais, em que o povo não está ainda em condições de administrar os serviços públicos, o transporte 100% público é sinônimo de estatização do transporte.
        Os rodoviários devem romper com as direções burocráticas (Força Sindical e CUT), assumir as rédeas do comando de greve a partir da organização de base, construir uma oposição às burocracias sindicais que estão a serviço dos patrões, e ocupar as garagens colocando a frota de ônibus na rua com catraca livre para a população, construindo a luta efetiva pelo Passe Livre no transporte coletivo.

- POR UMA POLÍTICA INDEPENDENTE DOS PATRÕES E SEUS REPRESENTANTES: PREFEITURA, GOVERNO ESTADUAL E PELEGOS SINDICAIS (FORÇA SINDICAL E CUT)!
- QUE O COMANDO DE GREVE PONHA OS ÔNIBUS NA RUA COM CATRACA LIVRE!
- PELA ESTATIZAÇÃO DO TRANSPORTE COLETIVO!

- NENHUMA CONFIANÇA NA FORÇA SINDICAL E CUT!

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