A categoria dos
rodoviários desempenha um trabalho estressante e fundamental para a sociedade.
Apesar disso, é uma das mais exploradas. Os empresários do transporte acumulam
fortunas e anualmente conseguem aumentos abusivos de tarifas a pretexto dos
reajustes salariais. Isso só é possível pelo conluio com o governo, o
judiciário e os pelegos sindicais. A planilha de custos é uma fraude sob medida
para justificar aumentos de tarifa acima da inflação. Os serviços prestados são
de péssima qualidade. Um exemplo de capitalismo predatório e irresponsável.
Os
reajustes salariais costumam ser o pretexto para os aumentos exorbitantes da
tarifa. Os salários dos trabalhadores continuam arrochados, enquanto o lucro
dos patrões engorda. Tanto é assim que, num período de vinte anos, os salários
foram reduzidos à metade em relação à tarifa. Mesmo na hipótese de um reajuste
igual entre salários e tarifa, os patrões ganharão muitas vezes mais que os
trabalhadores, porque a massa salarial representa uma parte mínima da planilha
de custos, e não os 40% como alegam os patrões. Toda a planilha é fraudada sob
a vista grossa do governo, porque os empresários financiam as suas campanhas
eleitorais. Não fosse também a cumplicidade dos pelegos sindicais, (no caso, a
Força Sindical, que dirige o sindicato, e a oposição sindical, pertencente à
CUT), essa maracutaia não seria possível.
A greve atual
Mais
uma vez, a categoria está sendo manipulada para justificar aumento de tarifa ou
novas isenções fiscais. Os patrões são apoiados pelos pelegos (Força Sindical e
CUT), pela prefeitura e pelo governo estadual, principalmente, para o aumento
da tarifa. Todos são cúmplices dos empresários, mas também têm os seus
interesses próprios. Por isso, as vezes, brigam entre si. O governo do Estado
tem interesse na greve para favorecer os seus aliados, no caso a oposição da
CUT, que tem dirigido as assembléias e o comando de greve. Também usa a greve
para desgastar eleitoralmente Fortunati e o PDT. O possível aumento da tarifa
serve a esse propósito, porque será debitado na conta do prefeito. Não por
acaso, a Brigada Militar desempenha um papel “civilizado” com relação aos
piquetes, como não é do seu costume. Assim, o governo Tarso faz “dobradinha”
com os empresários, que também não pretendem colocar os ônibus na rua. Tarso
assume pessoalmente a responsabilidade por esse papel da Brigada. Pelo mesmo
motivo, desautorizou Fortunati quando o mesmo pediu a convocação da Força
Nacional de Segurança.
Fortunati não tem interesse na greve porque
todos os seus ônus caem inteiramente nos seus ombros. Desta vez, não lhe
interessa o aumento das passagens porque ainda não se apagaram as brasas do
movimento de 2013. Solicitou repressão aos piquetes, denunciou a greve como
patronal e exigiu do governo Tarso a isenção do ICMS aos empresários. Fortunati,
como amigo dos patrões, não pensa em intervir no sistema de transporte ou
conceder os 14% de reajuste para os trabalhadoresda Carris.
A
Força Sindical, direção do sindicato, faz o costumeiro jogo dos patrões. Propõe
a reivindicação de 14% de reajuste como forma de iludir a categoria, porque
está disposta a fechar acordo miserável. Transforma a categoria em massa de
manobra dos empresários para o aumento da passagem. A oposição cutista,
aparentemente radical, também serve ao aumento da passagem. Não denuncia essa
intenção da diretoria. Também está disposta a um acordo fajuto com os
empresários. Apenas protela esse acordo para se diferenciar e bajular a
categoria. Seu objetivo principal é a disputa do aparelho sindical. Também faz
demagogia com a exigência ao prefeito para que decrete a tarifa livre. Não cabe
semear ilusão no prefeito patronal, quando a oposição encabeça uma greve
“unânime” e radicalizada. Nessas condições, a implantação da tarifa livre
durante a greve torna-se uma tarefa sua, porque está inteiramente ao seu
alcance, mas se omite. Somente assim poderia transformar a greve de cavalheiros
em luta efetiva. Colocaria o governo e os patrões na parede e ganharia os
usuários do transporte. Em vez disso, transfere essa responsabilidade ao
prefeito, demonstrando o seu compromisso com o patronato. Deveria exigir do
prefeito, isto sim, a intervenção nas empresas de ônibus, como forma de
desmascará-lo.
A
Conlutas, intersindical, CUT Pode Mais, PSOL e PSTU, formaram o Bloco de Oposição
de Esquerda. Esse Bloco, mesmo se dizendo contra o aumento das passagens, apóia
a oposição da CUT que é conivente com esse possível aumento. Os patrões apóiam
veladamente a greve porque tem interesse no aumento da tarifa. O Bloco de
Esquerda faz que não vê a manipulação da categoria. Também apóia a exigência da
CUT a Fortunati para que decrete a tarifa livre durante a greve. Não defende a
intervenção no transporte coletivo. Em vez disso, defende a proposta ambígua de
um transporte 100% público. Nas condições atuais, em que o povo não está ainda
em condições de administrar os serviços públicos, o transporte 100% público é
sinônimo de estatização do transporte.
Os
rodoviários devem romper com as direções burocráticas (Força Sindical e CUT),
assumir as rédeas do comando de greve a partir da organização de base,
construir uma oposição às burocracias sindicais que estão a serviço dos
patrões, e ocupar as garagens colocando a frota de ônibus na rua com catraca
livre para a população, construindo a luta efetiva pelo Passe Livre no
transporte coletivo.
- POR UMA POLÍTICA INDEPENDENTE DOS PATRÕES E
SEUS REPRESENTANTES: PREFEITURA, GOVERNO ESTADUAL E PELEGOS SINDICAIS (FORÇA
SINDICAL E CUT)!
- QUE O COMANDO DE GREVE PONHA OS ÔNIBUS NA RUA
COM CATRACA LIVRE!
- PELA ESTATIZAÇÃO DO TRANSPORTE COLETIVO!
- NENHUMA CONFIANÇA NA FORÇA SINDICAL E CUT!
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