Neste
segundo turno, reafirmamos nossa defesa do voto nulo. Não existem diferenças
fundamentais entre os dois candidatos. Ambos são serviçais do imperialismo e
representam igual arrocho salarial, planos neoliberais, privatizações,
repressão brutal e corrupção. Existem certamente diferenças entre PT e PSDB,
mas não diferem na essência. Ambos atacarão as condições de vida das massas. O
PT teria maior dificuldade para privatizar o BB e a CEF, mas não está
descartado que também o faça, a depender da pressão do capital. Não é menos
privatista. O PSDB é mais honesto, assume mais claramente a sua política antissocial.
O PT é mais dissimulado, prefere dourar a pílula, aplicando a conta gotas os
planos de arrocho. É uma diferença de método, não de conteúdo.
Delfin
Neto e Henrique Meireles, pupilos de Lula, não são menos liberais do que
Armínio Fraga, anunciado ministro de Aécio. FHC privatizou tudo que pôde Lula e
Dilma deram continuidade privatizando as reservas de petróleo. Aécio ameaça
privatizar o BB e a CEF. Dilma é contra, mas não existe garantia que também não
os privatize. O valor da bolsa família não representa
dez por cento da “bolsa banqueiro”. Dilma nada fez contra a opressão dos
negros, mulheres e homossexuais. A sua campanha também é apoiada por uma parte
do fundamentalismo religioso. A polícia de Alckmin promove uma repressão
brutal. No Rio de Janeiro, Cabral, aliado de Dilma, consegue ser ainda mais
truculento. Dilma reprimiu o movimento da juventude em santa aliança com
Alckmin. A Força Nacional de Segurança de Dilma percorre o território nacional
semeando o terror, como fez com a greve dos operários das obras do PAC (Santo
Antônio, Jirau e Belo Monte), onde bombardeou operários grevistas (escondendo a
morte de dezenas), que cometeram o crime de lutar contra condições de trabalho semiescravas.
A corrupção tucana se equivale à sua equivalente petista. O cartel do metrô de Alckmin,
os escândalos de FHC, o mensalão tucano, o aeroporto de Aécio, não são piores
do que o mensalão do José Dirceu, a corrupção na Petrobrás e toda sorte de
maracutaias petistas.
A aproximação do governo petista ao
bloco Rússia/China não o torna antiimperialista, menos neoliberal, de “centro
esquerda” e preferível ao do PSDB, que se alinha ao imperialismo americano.
Apenas o distancia relativamente do imperialismo hegemônico em benefício do
novo proto-imperialismo russo-chinês. A fonte inspiradora dos planos de arrocho
liberais é a China, que regrediu às condições de trabalho do século XIX e
promove uma brutal repressão ao nascente e combativo movimento operário. O
mundo tende a adaptar-se a esse novo escravagismo chinês. Putin reprime toda
oposição e os direitos sociais das minorias. O seu regime se apóia numa
oligarquia corrupta, que se apropriou fraudulentamente das estatais da extinta
URSS.
Não existe mal menor, mas podemos tirar
proveito das diferenças práticas entre eles. Por exemplo, faríamos frente única
com a CUT numa hipotética greve em defesa do BB e CEF, onde esta, em função da
sua base social, seja obrigada a participar. Entretanto, essas questões de
ordem prática não torna Dilma genericamente preferível a Aécio e não justifica
o voto nela. A disputa eleitoral não é um problema prático, é uma disputa de
programas. Não se faz frente única eleitoral. Na essência, os programas de Aécio e Dilma são
os mesmos. O voto crítico pressuporia, não apenas acordos práticos, mas a
existência de uma candidatura progressista em relação à outra, o que não é o
caso. É por isso que o apoio à Dilma, por uma parte da esquerda, é uma
capitulação, uma venda de ilusões.
Existem evidências de manipulação do
voto eletrônico, o que configuraria um golpe branco. Devemos denunciar o golpe,
caso aconteça. Isso também não justifica o voto em Dilma, por duas razões principais:
Dilma seria conivente com um possível golpe contra ela; e o método de combate a
qualquer golpe é a luta direta, denúncia e agitação, não o voto.
Parte
da esquerda, que costumava votar nulo, declara o voto em Dilma e capitula a
ela. Outra parte (PSTU) rompe com a sua tradição de apoio à frente popular e
propõe o voto nulo. Inverteram as posições. Esses zig-zagues políticos não são
por acaso, refletem a geopolítica internacional. Os primeiros apoiam o bloco
russo-chinês, em nome de um suposto antiimperialismo. Mas Rússia e China são
candidatos à condição de imperialistas e em certos casos já agem como tais. Essa
posição implica em capitular aos regimes dos BRICs e explica o voto em Dilma.
Os segundos (PSTU) estão alinhados ao imperialismo dominante (Líbia, Síria,
Ucrânia), em nome de uma fantasiosa revolução democrática. Isso requer
diferenciar-se dos BRICs. Por isso, o voto nulo contra Dilma.
Reafirmamos
o voto nulo como única forma de independência de classe nestas eleições, de
combate aos dois blocos burgueses PT e PSDB, de combate ao imperialismo de
conjunto, tanto aos EUA/Europa como aos aspirantes, Rússia e China. Combatemos
as ilusões nessas alternativas burguesas, buscamos preparar as condições para a
emancipação futura do proletariado da dominação capitalista, com vistas à construção
do socialismo.
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