A
opressão sobre a mulher se agrava, no rastro do ascendente movimento fascista
(assim como todas as opressões, a exploração do trabalho, o domínio
imperialista sobre os povos e a xenofobia). O capitalismo lança a humanidade de
volta ao século XIX, passando por cima de todas as conquistas culturais,
sociais e materiais, que não foram dádivas da classe dominante. A produtividade
do trabalho aumentou centenas de vezes fruto do progresso tecnológico e da
organização da produção, mas nada disso resultou em aumento do bem estar
social. Tão logo a burguesia espantou o perigo socialista para o futuro
imediato, apressou-se em retirar com a mão direita aquilo que foi obrigada a
conceder com a esquerda.
A consequência do progresso é a barbárie. O
parasitismo capitalista é irreversível: a especulação financeira, a imposição
do consumo do supérfluo, o crescimento das forças destrutivas (indústria bélica
e o crime organizado). A reforma do capitalismo é impossível. Hoje, muito mais
do que antes, o reformismo é uma política reacionária. Este se caracteriza por:
desvincular as lutas sociais da denúncia do capitalismo, falar de
anti-capitalismo e socialismo de forma abstrata nos dias de festa, alimentar
ilusões na reforma do capitalismo, não fazer a propaganda da derrubada do poder
dominante por via revolucionária.
O
capitalismo mostrou-se incapaz de por fim à opressão sobre a mulher, fruto do
patriarcalismo milenar, porque se beneficia dessa situação. Apenas o socialismo
não teria interesse na opressão feminina, como em nenhuma opressão ou
exploração. Os primeiros anos da revolução russa demonstraram essa verdade, mesmo
nas piores condições (guerra mundial e guerra civil). Jamais as mulheres
conquistaram tanto em tão pouco tempo: igualdade plena de direitos com os
homens, direito ao divórcio, ao aborto, a trabalho igual salário igual, a
creches, restaurantes e lavanderias públicas e gratuitas. A burocratização
estalinista aboliu essas conquistas. O capitalismo atual restaurado acabou de
abolir também na Rússia, em janeiro deste ano, a criminalização da violência
doméstica. O socialismo não acaba de vez
com essa opressão secular, mas lhe retira o apoio do Estado. Este passa a
promover a igualdade jurídica, social e material entre os gêneros.
A greve mundial das
mulheres
Diversas organizações de mulheres (como
a Women’s Strike) e personalidades feministas estão chamando uma greve
internacional de mulheres para o próximo 8 de março, com o apoio da esquerda
reformista. Nós apoiamos incondicionalmente as lutas das mulheres, mas não
apoiamos o programa burguês dessa greve. Toda greve é uma luta unitária dos
trabalhadores de ambos os sexos, em torno de reivindicações específicas. Especialmente, uma greve geral requer uma
conjuntura revolucionária. Carece de sentido uma greve internacional exclusiva
de mulheres chamada por uma organização financiada pela burguesia. Propõe uma
plataforma ampla, misturando reivindicações legítimas com um programa
reformista burguês: “exigimos que o sistema de bem-estar social trabalhe para
eliminar a pobreza ...”. Ou seja, pretende eliminar a pobreza através da
reforma do capitalismo, justamente quando este se empenha em aumentá-la,
retirando todos os direitos sociais e trabalhistas. São justas reivindicações
parciais dentro do capitalismo, mas é ilusório pretender melhorar o capitalismo
mediante reformas. As lutas específicas apenas se justificam quando usadas como
ponto de partida para a derrubada futura do poder da burguesia.
A esquerda reformista apoia o 8M porque
a sua plataforma coincide com o seu próprio reformismo. Devemos entender as
frases radicais, tais como “por um 8M anticapitalista”, como um jargão
reformista. Por anticapitalista essa esquerda entende toda e qualquer reforma,
e não a derrubada revolucionária do capitalismo. É também vazia a reivindicação
“por um feminismo anti-imperialista”, porque não se apoia em nenhuma luta
concreta contra o imperialismo. George
Soros, financiador desse movimento, financia ao mesmo tempo as agressões
imperialistas, apoiadas também por essa mesma esquerda. Nada fizeram contra as
agressões imperialistas promovidas pela então Secretária de Estado e deusa da
guerra, Hilary Clinton. Também vazia é a pretensa luta contra a xenofobia. A grande
marcha do dia 21 de janeiro foi feita contra a xenofobia, o machismo e o
racismo de Trump, mas não moveram um dedo contra as massivas deportações de
imigrantes feitas por Obama. Também nada fizeram contra os massacres de negros
pela polícia racista desse mesmo “capitão do mato”. Sob a fachada do “feminismo
dos 99%”, do anti-imperialismo e da luta contra a xenofobia, esconde-se a luta
de um bando imperialista (Obama, Clinton, Soros) contra outro bando
imperialista (Trump e asseclas).
Conclusão
Devemos fazer do 8M um dia de
manifestações contra a violência de gênero, pelo direito ao aborto, trabalho
igual salário igual, por creches públicas e gratuitas. Unificar a luta das
mulheres com a luta de todos os trabalhadores contra os planos de ajuste liberais,
contra a xenofobia, o racismo e as invasões imperialistas. Pressionar para que
os sindicatos incluam nas suas pautas as reivindicações feministas, dos negros,
dos terceirizados, precarizados e desempregados. Os interesses do capital que
oprimem as mulheres, reprimem lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros, são os mesmos que
massacram os negros, os imigrantes, escravizam os povos e exploram o conjunto
do proletariado. Nenhum desses problemas terá solução enquanto subsistir o
capitalismo, que deve ser derrubado pela luta unificada de todos os oprimidos.
Demonstrar cotidianamente, na realidade concreta, que todos esses males
decorrem do capitalismo.
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