quarta-feira, 1 de março de 2017

POR UM 8M PROLETARIO E SOCIALISTA

       A opressão sobre a mulher se agrava, no rastro do ascendente movimento fascista (assim como todas as opressões, a exploração do trabalho, o domínio imperialista sobre os povos e a xenofobia). O capitalismo lança a humanidade de volta ao século XIX, passando por cima de todas as conquistas culturais, sociais e materiais, que não foram dádivas da classe dominante. A produtividade do trabalho aumentou centenas de vezes fruto do progresso tecnológico e da organização da produção, mas nada disso resultou em aumento do bem estar social. Tão logo a burguesia espantou o perigo socialista para o futuro imediato, apressou-se em retirar com a mão direita aquilo que foi obrigada a conceder com a esquerda.
         A consequência do progresso é a barbárie. O parasitismo capitalista é irreversível: a especulação financeira, a imposição do consumo do supérfluo, o crescimento das forças destrutivas (indústria bélica e o crime organizado). A reforma do capitalismo é impossível. Hoje, muito mais do que antes, o reformismo é uma política reacionária. Este se caracteriza por: desvincular as lutas sociais da denúncia do capitalismo, falar de anti-capitalismo e socialismo de forma abstrata nos dias de festa, alimentar ilusões na reforma do capitalismo, não fazer a propaganda da derrubada do poder dominante por via revolucionária.
        O capitalismo mostrou-se incapaz de por fim à opressão sobre a mulher, fruto do patriarcalismo milenar, porque se beneficia dessa situação. Apenas o socialismo não teria interesse na opressão feminina, como em nenhuma opressão ou exploração. Os primeiros anos da revolução russa demonstraram essa verdade, mesmo nas piores condições (guerra mundial e guerra civil). Jamais as mulheres conquistaram tanto em tão pouco tempo: igualdade plena de direitos com os homens, direito ao divórcio, ao aborto, a trabalho igual salário igual, a creches, restaurantes e lavanderias públicas e gratuitas. A burocratização estalinista aboliu essas conquistas. O capitalismo atual restaurado acabou de abolir também na Rússia, em janeiro deste ano, a criminalização da violência doméstica.  O socialismo não acaba de vez com essa opressão secular, mas lhe retira o apoio do Estado. Este passa a promover a igualdade jurídica, social e material entre os gêneros.

A greve mundial das mulheres

        Diversas organizações de mulheres (como a Women’s Strike) e personalidades feministas estão chamando uma greve internacional de mulheres para o próximo 8 de março, com o apoio da esquerda reformista. Nós apoiamos incondicionalmente as lutas das mulheres, mas não apoiamos o programa burguês dessa greve. Toda greve é uma luta unitária dos trabalhadores de ambos os sexos, em torno de reivindicações específicas.  Especialmente, uma greve geral requer uma conjuntura revolucionária. Carece de sentido uma greve internacional exclusiva de mulheres chamada por uma organização financiada pela burguesia. Propõe uma plataforma ampla, misturando reivindicações legítimas com um programa reformista burguês: “exigimos que o sistema de bem-estar social trabalhe para eliminar a pobreza ...”. Ou seja, pretende eliminar a pobreza através da reforma do capitalismo, justamente quando este se empenha em aumentá-la, retirando todos os direitos sociais e trabalhistas. São justas reivindicações parciais dentro do capitalismo, mas é ilusório pretender melhorar o capitalismo mediante reformas. As lutas específicas apenas se justificam quando usadas como ponto de partida para a derrubada futura do poder da burguesia.
        A esquerda reformista apoia o 8M porque a sua plataforma coincide com o seu próprio reformismo. Devemos entender as frases radicais, tais como “por um 8M anticapitalista”, como um jargão reformista. Por anticapitalista essa esquerda entende toda e qualquer reforma, e não a derrubada revolucionária do capitalismo. É também vazia a reivindicação “por um feminismo anti-imperialista”, porque não se apoia em nenhuma luta concreta contra o imperialismo.  George Soros, financiador desse movimento, financia ao mesmo tempo as agressões imperialistas, apoiadas também por essa mesma esquerda. Nada fizeram contra as agressões imperialistas promovidas pela então Secretária de Estado e deusa da guerra, Hilary Clinton. Também vazia é a pretensa luta contra a xenofobia. A grande marcha do dia 21 de janeiro foi feita contra a xenofobia, o machismo e o racismo de Trump, mas não moveram um dedo contra as massivas deportações de imigrantes feitas por Obama. Também nada fizeram contra os massacres de negros pela polícia racista desse mesmo “capitão do mato”. Sob a fachada do “feminismo dos 99%”, do anti-imperialismo e da luta contra a xenofobia, esconde-se a luta de um bando imperialista (Obama, Clinton, Soros) contra outro bando imperialista (Trump e asseclas).

Conclusão
        Devemos fazer do 8M um dia de manifestações contra a violência de gênero, pelo direito ao aborto, trabalho igual salário igual, por creches públicas e gratuitas. Unificar a luta das mulheres com a luta de todos os trabalhadores contra os planos de ajuste liberais, contra a xenofobia, o racismo e as invasões imperialistas. Pressionar para que os sindicatos incluam nas suas pautas as reivindicações feministas, dos negros, dos terceirizados, precarizados e desempregados. Os interesses do capital que oprimem as mulheres, reprimem lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgêneros, são os mesmos que massacram os negros, os imigrantes, escravizam os povos e exploram o conjunto do proletariado. Nenhum desses problemas terá solução enquanto subsistir o capitalismo, que deve ser derrubado pela luta unificada de todos os oprimidos. Demonstrar cotidianamente, na realidade concreta, que todos esses males decorrem do capitalismo.





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