quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

COMBATER O ARROCHO E A DESTRUIÇÃO DA PETROBRÁS

                               
        Está em curso uma ofensiva imperialista contra o Brasil e os trabalhadores: um ataque aos direitos trabalhistas, previdenciários, aos programas sociais, tarifaço, privatizações, inviabilização e privatização da Petrobrás, implementada pelo Governo Dilma e apoiada pela oposição burguesa (PSDB e afins). A campanha política pelo impeachment de Dilma e a Operação Lava Jato fazem parte desse processo de pressão sobre o governo para que cumpra ele próprio o programa do imperialismo. O impeachment seria apenas a “cereja do bolo” para a oposição, a depender de novas denúncias e circunstâncias. Seria um golpe branco parlamentar, porque feito por um congresso corrupto valendo-se de pretextos, uma vez que o seu verdadeiro objetivo é levar a cabo a política do imperialismo. Essa chantagem está sendo bem sucedida.
Na campanha eleitoral, Dilma criticou o liberalismo de Aécio. Uma vez eleita, nomeou um ministério econômico que bem poderia ser o seu: um banqueiro do Bradesco, o chefe da Confederação Nacional da Indústria e a representante maior do latifúndio. Nem bem tomou posse, essa equipe mostrou a que veio, editando o seu “pacote de maldades”: retirada de direitos sociais, tarifaço, política de juros altos para os bancos. Existe uma unidade entre governo e oposição de direita com relação a esses planos. Os trabalhadores, ao os combaterem, combatem ao mesmo tempo as duas alas da burguesia, governo e oposição. É um crime o apoio de parte da esquerda ao governo e a conivência da outra parte com a campanha da oposição de direita.
Repudiamos o possível golpe parlamentar, o que não significa apoio ao governo. É uma autodefesa dos trabalhadores porque é contra eles que se voltará, em primeiro lugar. O imperialismo está satisfeito com Dilma. Preferiria um governo dos seus representantes mais diretos, para se livrar melhor dos BRICs e da Petrobrás, o que não significa que tenha já decidido substituí-la. Quer revogar o atual regime de partilha na exploração de petróleo, principalmente para o pré-sal, onde a Petrobrás administra os respectivos consórcios, para voltar ao regime de concessão e também impedir que o Brasil se torne auto-suficiente em refino de petróleo, sabotando a construção de novas refinarias. Atualmente, o país exporta petróleo bruto a preço de banana e importa derivados a preço de ouro.
        Paralelamente, a Operação Lava Jato (que bem se poderia chamar de Operação Joga Lama no PT) encurrala o governo através da divulgação seletiva pela grande imprensa (também conhecida como PIG) de denúncias contra figuras do PT e aliados do PMDB e PP, mesmo que o processo corra em segredo de justiça. Vêm à tona apenas denúncias contra o governo, com a conivência do juiz Sérgio Moro (amigo do tucano Beto Richa) e de delegados e promotores a serviço da oposição de direita, quando se sabe que todos os principais partidos (incluído o PSDB) estão envolvidos desde sempre na corrupção contra a Petrobrás e na corrupção em geral. Descaradamente, a Rede Globo instruiu os seus chefes a não divulgarem denúncias contra FHC. Ao mesmo tempo, a imprensa “moralista” nacional silencia criminosamente sobre o grande escândalo internacional representado pelas contas secretas no HSBC da Suíça.  A corrupção é uma instituição inerente ao sistema capitalista. A pior mentira é a meia verdade, porque dá ares de credibilidade a quem a faz. As verdades contra o PT dão credibilidade à arqui-corrupta oposição de direita. Não absolvemos o PT das suas falcatruas, inclusive, no atual escândalo da Petrobrás. Na festa dos 35 anos do partido, o próprio Lula definiu com perfeição o PT de hoje: “O PT transformou-se num partido igual aos outros, mas não pior”. Somente os trabalhadores têm interesses na verdade integral. A burguesia nos brinda com um festival de cinismo, cada quadrilha acusando a outra de corrupta.
         A Operação Lava Jato nada tem a ver com o combate à corrupção, mas, encurralando o governo Dilma, pretende destruir e privatizar a Petrobrás para beneficiar as multinacionais do petróleo e as empreiteiras estrangeiras. Esse objetivo está sendo alcançado: as obras das refinarias, estaleiros e petroquímicas estão paralisadas e os operários sendo demitidos às centenas de milhares, provocando o aprofundamento da recessão. Não por acaso, a Operação Lava Jato colocou na cadeia os responsáveis pelas empreiteiras, (os mesmos que financiaram as campanhas eleitorais da maioria dos deputados, senadores e presidenciáveis) e impede os “contratos de leniência”, que permitiriam que continuassem operando. As portas estão sendo abertas para as empreiteiras imperialistas. Dilma não se opõe a esse ataque, mas ajuda a promovê-lo. Agradando à direita e ao amo imperialista, pensa arrefecer a pressão contra o seu governo. Engana-se. O reconhecimento não faz parte das virtudes da burguesia. Dilma, ao dar mostras de fraqueza, torna a oposição ainda mais assanhada e, ao decepcionar os trabalhadores, fica politicamente “pendurada no pincel”. O seu governo não se defende dos ataques. Não mobiliza as suas bases, muito menos os trabalhadores, em sua defesa. A sua serventia para o imperialismo consiste em conter as mobilizações populares, não em promovê-las. O governo aposta em estancar as denúncias e as delações premiadas, envolver também as principais figuras do PSDB e, assim, numa posição mais confortável, propor um acórdão de bastidores aos seus adversários sobre os limites das denúncias recíprocas, que não beneficiariam ninguém.

Propostas para os trabalhadores
        A burguesia está na ofensiva. Os trabalhadores não contam com qualquer direção que represente a sua independência de classe. Nessa situação, o centro da sua luta deve concentrar-se na resistência e denúncia dos ataques em curso: o tarifaço e o ajuste fiscal constante das MPs 664 e 665 promovido pelo governo com apoio dos seus desafetos da oposição. As centrais sindicais, e a CUT em particular, tentam uma negociação no parlamento no sentido de maquiar esses planos, sem mexer no essencial. Devem ser denunciadas como coniventes com esses ataques. É preciso botar o bloco na rua, sempre que possível. Repudiamos a campanha pelo impeachment do ponto de vista da independência de classe, sem apoiar o governo. Não deixamos a critica ao governo na mão da direita. Muito menos devemos favorecer a oposição burguesa com a proposta abstrata de substituir Dilma por um governo dos trabalhadores, como faz o PSTU, porque somente a direita está em condições de depô-la. A esquerda se divide entre os que apóiam o governo e os que levam água ao moinho do bloco burguês pró-impeachment. O impeachment, improvável neste momento, mais do que a deposição de Dilma, se voltaria principalmente contra os trabalhadores.
        Os trabalhadores devem denunciar a corrupção das duas alas da burguesia, governo e oposição, dando nome aos bois e publicidade a todos os envolvidos, na medida em que sejam de conhecimento público. Uma investigação própria e independente, por mais necessária que seja, não tem viabilidade porque as suas direções estão integralmente comprometidas com a falcatrua de um ou de outro lado. Devemos denunciá-las sem piedade, como agentes e cúmplices da burguesia, ao invés de fazer-lhes exigências como costuma fazer parte da esquerda, principalmente, o PSTU, que chama a CUT e o MST a romperem com o governo, semeando ilusões na burocracia.
        Essa luta dos trabalhadores, de resistência, conscientização e organização, deve ser preparatória, visando a derrota do peleguismo atual e a criação de um partido revolucionário.  Somente assim o proletariado poderá colocar na ordem dia os seus objetivos maiores: a re-estatização integral da Petrobrás, que deve coincidir com a expropriação do grande capital e das multinacionais e a inauguração do socialismo. A bandeira de “uma Petrobrás 100% estatal” não pode ser desvinculada da luta pelo socialismo, como faz a esquerda, sob pena de cairmos na ilusão reformista.  
                                                    

       

       
       

       
       



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