quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

CONTRA O IMPEACHMENT E O ARROCHO LIBERAL

                        
        Com a tramitação na Câmara dos Deputados do processo de impeachment da presidenta da república, está em curso uma tentativa de golpe de Estado institucional, valendo-se de pretextos fiscais, as chamadas “pedaladas”. À vingança pessoal de Eduardo Cunha soma-se o golpismo de uma parte da direita tradicional (PSDB e afins), que quer abreviar a sua chegada ao poder. Os golpistas, e parte da esquerda, negam a existência de golpe porque o impeachment teria uma base legal. Para nós, trata-se de um golpe de Estado, que se define, não pela legalidade formal, mas por valer-se de pretextos legais. A sua viabilidade é incerta, mas em qualquer caso serve para paralisar o governo, o que também é seu objetivo.
        O proletariado brasileiro não tem razões para defender o governo Dilma, autor de profundo ataque aos seus direitos e conquistas, na condição de agente do capital internacional. Tem menos razões ainda para defender ou omitir-se diante do golpe de Estado. A luta contra o impeachment não se confunde com a defesa do governo. Os ataques liberais em curso são patrocinados pelo governo Dilma em santa aliança com os seus “inimigos” golpistas. O golpe é dirigido não apenas contra o governo, mas principalmente contra os trabalhadores. O sucesso do golpe é a sua derrota e a pavimentação do caminho para ataques ainda maiores.
        Nenhum trabalhador consciente pode ser conivente com o impeachment, como o faz grande parte da esquerda. Da mesma forma, não pode compactuar com o governo, como faz a outra parte. O combate ao golpe é sinônimo de combate aos planos de arrocho, obra conjunta do governo e oposição de direita. Significa denunciar ambos como braço esquerdo e direito do mesmo patrão, o grande capital. O governo, movimentos sociais (CUT, CTB, MST, UNE, etc.) e parte da esquerda formaram um bloco para mobilizar contra o impeachment. Mais do que contra o impeachment, é um movimento de apoio ao governo, incluída a sua política antipopular. Os trabalhadores não devem participar desses atos governistas. A sua mobilização deve ser independente, para poder denunciar ao mesmo tempo o impeachment e os planos liberais.
        Uma parte da esquerda (PSTU, MRT, correntes do PSOL) diz não apoiar nem o governo, nem o impeachment. Entretanto, a sua política de fato é de apoio ao golpe, que não classificam como tal. O PSTU defende o “Fora Todos” e “eleições gerais”. O proletariado carece de organização para tornar realidade o Fora Dilma e muito menos o Fora a direita. Neste momento, apenas a direita pode realizar o Fora Dilma. Por esse motivo, o Fora Todos é um apoio disfarçado ao impeachment e à direita. O mesmo se diga de “eleições gerais”, que na atual conjuntura provavelmente redundaria num congresso ainda mais reacionário que o atual. O MRT, ex-LER, nos brinda com a tradicional e universal proposta de Assembléia Constituinte, que claudica da mesma perna que as bandeiras do PSTU, e alimenta uma ilusória alternativa democrático-burguesa.
        A proposta de greve geral também alimenta ilusões. Não existe nem mobilização nem organização para convocá-la. Somente a CUT poderia fazê-lo. Mas a CUT é um braço do governo e está também comprometida com os ajustes contra o povo. A exigência dessa esquerda de que a CUT rompa com o governo e encabece a luta contra os ajustes é uma venda de ilusões da pior espécie.

        Não existe atalhos. É preciso reconstruir a organização independente dos trabalhadores, criando sindicatos revolucionários e um partido revolucionário.  Denunciar todos os agentes do capital, governistas e oposição de direita. Derrotar a burocracia sindical (CUT, CTB, Força Sindical, etc.), inclusive a de “esquerda”. Organizar a luta contra os ataques liberais onde for possível. Essa é a única forma possível e coerente de luta contra o golpe. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário