Caiu como uma bomba
a delação da JB. Temer diz que não renuncia, para ganhar tempo. Vinha sendo
protegido pela Globo/Lava Jato, que são os responsáveis pelo golpe, resultado
da aliança entre diversos atores: Globo/Lava Jato, STF, Congresso, PMDB, PSDB,
ONGs (Vem pra Rua, Revoltados Online, MBL), OAB, entre outros. A campanha era
então contra o PT e Lula. Há quem diga que não foi a Globo/Lava Jato que puxou
o tapete de Temer. Teria sido a PGR e o STF. Mas a Globo/Lava Jato, Janot e a
atual ala pró-Lava Jato do STF atuam em perfeita sintonia.
A estratégia era sustentar Temer até
2018. Mas apareceu um obstáculo. Teori Zavaski queria publicar a lista da
Odebrecht. Seria o fim do governo. Foi saído de cena. Como isso pegou muito
mal, a Globo/Lava Jato resolveu publicar essa lista, mas com uma ressalva:
preservar Temer, com o argumento de que este, mesmo constando da lista, não
podia ser investigado por crimes anteriores. Significou sacrificar uma
enxurrada de políticos aliados. Chegou a hora de trocar tudo, para que tudo
permanecesse como estava. Mas não combinaram com os atingidos. Essa é a razão
da rebelião dos prejudicados e da conspiração contra a Lava Jato (projeto
contra o abuso de autoridade). Na sua conversa com Joesley, Aécio conta que
encontrou-se com Temer e o pressionou. Aécio diz: - você banca o projeto? E
Temer responde: banco. Por isso, deve cair.
O que vem por aí?
Abre-se um período de instabilidade política. A Globo/Lava Jato/STF (ala Fachin) articulam a substituição de Temer. Nada está descartado, mas a hipótese mais provável é a eleição de um presidente pelo congresso, para um mandato tampão até 2018. O sacrifício, no altar do falso combate à corrupção, dos aliados de ontem, aprofunda a divisão interna da burguesia. Paralisa momentaneamente as chamadas reformas, abrindo um certo espaço para os trabalhadores, que, infelizmente, não contam com qualquer organização independente. O que existe é uma oposição burguesa liderada pelo PT, CUT e uma esquerda conciliadora.
O PT e a maioria da esquerda, desfralda a bandeira de Diretas Já. Existe também quem defenda a convocação de uma Assembleia Constituinte e outros uma Greve Geral por tempo indeterminado. Antes do impeachment, a bandeira de Eleições Gerais era uma das formas do golpe. Hoje, Diretas Já serve para enfrentar a principal alternativa burguesa, a eleição pelo congresso do novo presidente. Seria a mais rápida recomposição do poder para a continuidade das “reformas”. Os trabalhadores poderiam ocupar essa brecha, se contassem com uma organização independente.
Diretas Já também favorece a
sobrevivência do PT, outra alternativa burguesa que paralisa a luta dos
trabalhadores contra as “reformas” com de atos de vanguarda. Diretas Já terá
apenas um caráter eleitoral. A proposta de Constituinte, em conjuntura
defensiva, servirá para consolidar a destruição da constituição de 88, já
descaracterizada pelas atuais emendas constitucionais. A proposta de greve
geral para derrubar Temer não pode ser levada a sério numa conjuntura
defensiva. Os trabalhadores, infelizmente, não têm uma alternativa de poder. A tarefa é criar essas condições, o que não se
faz com propostas artificiais. O eixo da nossa luta deve ser: organização,
mobilização dos trabalhadores, agitação contra as “reformas” e denúncia das
direções traidoras.
O PT também é instrumento das “reformas”.
A oposição do PT e da CUT às “reformas”
é verbal e parlamentar. No governo, praticou a política liberal: juros altos,
terceirizações, privatizações, arrocho fiscal, e começou as “reformas”. O
segundo governo Dilma aprofundou essa política. A sua principal serventia
sempre foi conter o movimento e não promove-lo. A CUT, demais centrais e a
esquerda mobilizam os aparatos e uma minoria de base. Não é possível derrotar
as “reformas” em curso sem grandes mobilizações efetivamente de massas. Não
será com “greves” minoritárias de um dia ou mesmo de 48 horas.
Não se faz greves gerais sem uma
campanha de propaganda e agitação concentrada em todos as ruas e locais de
trabalho, que desemboque em grandes atos efetivamente de massas. Pouco
significará o Ocupe Brasília, mesmo reunindo 100 mil militantes trazidos de
ônibus de todo país. Essa é a força do aparato. É preciso ocupar Brasília com
100 mil trabalhadores de Brasília; 1 milhão em São Paulo; 500 mil no Rio; 200
mil em Belo Horizonte, Salvador, Recife, e em todas as capitais e cidades
importantes, coisa que a burocracia não está disposta a fazer. O objetivo não é
derrotar as “reformas” mas negociar pequenas alterações, mantendo o principal.
E canalizar o movimento para a via eleitoral. É uma traição aos trabalhadores.
Conter o movimento é a maior contribuição que o PT oferece à burguesia.