O PSDB foi o partido vitorioso nas recentes
eleições municipais. Manteve um número parecido de prefeituras em relação a
2012 (701 em 2012 e 709 em 2016), mas aumentou a sua votação em mais de 40%
(3,8 milhões em 2012 e 5,4 milhões em 2016). Além disso, ganhou no primeiro
turno em São Paulo e Teresina, e disputa ainda o segundo turno em mais oito
capitais. O PT foi o grande derrotado. Caiu de 644 prefeituras em 2012 para 237
neste ano. A sua votação foi desastrosa: diminuiu de 4,07 milhões de votos para
1,98 milhões, ou seja, perdeu mais de 50%. O PMDB teve também um decréscimo de
votação expressivo, cerca de 30%. Mantém ainda o maior número de prefeituras,
mas caiu de 1017 em 2012 para 933 hoje. PSOL, PDT e outras siglas menores
tiveram também votação significativa. O PSOL vai para o segundo turno no Rio de
Janeiro e Belém.
Esse
resultado é a conseqüência do cerco ao PT por uma parte da classe dominante,
que terminou destituindo Dilma da presidência através de um golpe parlamentar. Nas
atuais eleições, a Operação Lava Jato atuou como cabo eleitoral dos partidos da
direita tradicional, principalmente, o PSDB. O indiciamento de Lula, as prisões
de Palocci e Mantega, os processos em Minas e na Bahia, fizeram parte de
descarada campanha eleitoral. É preciso também impedir a candidatura de Lula em
2018, o que faz parte inseparável do golpe. Qualquer método é válido para
enfraquecer o PT, incluída a fraude eleitoral. Diversos indícios apontam nesse
sentido: a vitória em primeiro turno em São Paulo, a primeira colocação de
Marquezan em Porto Alegre, entre outros. A fraude tem sido um recurso muito
usado pelo imperialismo para manter no poder os seus preferidos, como tem sido
o caso do México. A urna eletrônica se presta a perfeição à fraude. O PT como
partido da ordem não denuncia. Nem mesmo a esquerda, com raras exceções.
Apesar
das perdas e ganhos entre os partidos, o grande vencedor das eleições deste ano
não foi nenhum partido, mas a enorme rejeição ao conjunto do regime político
expressa pelos votos nulos, brancos e abstenções, que representou mais de 40%
do eleitorado, perto de 30 milhões de votos. Esses votos superaram a soma da
votação do primeiro e segundo colocados. A ofensiva contra o PT não conseguiu
fortalecer na mesma proporção os partidos patronais. Todos se enfraqueceram e
com eles o regime. O PT foi enfraquecido, mas não destruído. Sobreviverá como
mais um partido patronal. Jamais será novamente alternativa para amplos setores
mais conscientes do proletariado, mesmo que alguns, por falta de alternativa,
ainda votem nele. Por mais que a direita tenha caluniado o PT, o seu caráter de
partido patronal semelhante em tudo aos demais ficou demonstrado nesse
processo. Existe ainda alguns, como Guilherme Boulos, do MTST, que propõe ao PT
“retomar as bases de um projeto pautado em superar o atual sistema político”.
Essa alternativa não existe. Até mesmo porque ele jamais se propôs a combater o
regime político, nem mesmo nos tempos áureos. A sua trajetória de cada vez
maior integração ao apodrecido regime político é irreversível. Devemos combater
sem tréguas esses mercadores de ilusões.
A enorme massa de desiludidos (votos
brancos, nulos e abstenções) está órfã. O PSOL surge como um PT das origens,
piorado. A vitória eleitoral da direita não impedirá as lutas contra os
draconianos planos de ajuste, que une todos os partidos burgueses, inclusive, o
PT e seus braços sindicais e populares: CUT, CTB, UNE, MST, etc. O acirramento
das lutas, num quadro de enfraquecimento do regime e na ausência de uma
alternativa proletária, pode abrir caminho para um regime ditatorial sem
disfarces. O descontentamento expresso nestas eleições abre mais uma
oportunidade aos trabalhadores para superarem a sua crônica crise de direção.
Mas se isso não acontecer, aplaina o caminho para a direita fascista. É por
isso que a construção de um partido revolucionário é a nossa tarefa primeira,
segunda e terceira. Mas isso só é possível sobre os escombros políticos do PT e
de todos os reformistas.