quinta-feira, 6 de outubro de 2016

CRESCE REJEIÇÃO AOS PARTIDOS BURGUESES: VOTOS NULOS, BRANCOS E ABSTENÇÕES

      O PSDB foi o partido vitorioso nas recentes eleições municipais. Manteve um número parecido de prefeituras em relação a 2012 (701 em 2012 e 709 em 2016), mas aumentou a sua votação em mais de 40% (3,8 milhões em 2012 e 5,4 milhões em 2016). Além disso, ganhou no primeiro turno em São Paulo e Teresina, e disputa ainda o segundo turno em mais oito capitais. O PT foi o grande derrotado. Caiu de 644 prefeituras em 2012 para 237 neste ano. A sua votação foi desastrosa: diminuiu de 4,07 milhões de votos para 1,98 milhões, ou seja, perdeu mais de 50%. O PMDB teve também um decréscimo de votação expressivo, cerca de 30%. Mantém ainda o maior número de prefeituras, mas caiu de 1017 em 2012 para 933 hoje. PSOL, PDT e outras siglas menores tiveram também votação significativa. O PSOL vai para o segundo turno no Rio de Janeiro e Belém.
        Esse resultado é a conseqüência do cerco ao PT por uma parte da classe dominante, que terminou destituindo Dilma da presidência através de um golpe parlamentar. Nas atuais eleições, a Operação Lava Jato atuou como cabo eleitoral dos partidos da direita tradicional, principalmente, o PSDB. O indiciamento de Lula, as prisões de Palocci e Mantega, os processos em Minas e na Bahia, fizeram parte de descarada campanha eleitoral. É preciso também impedir a candidatura de Lula em 2018, o que faz parte inseparável do golpe. Qualquer método é válido para enfraquecer o PT, incluída a fraude eleitoral. Diversos indícios apontam nesse sentido: a vitória em primeiro turno em São Paulo, a primeira colocação de Marquezan em Porto Alegre, entre outros. A fraude tem sido um recurso muito usado pelo imperialismo para manter no poder os seus preferidos, como tem sido o caso do México. A urna eletrônica se presta a perfeição à fraude. O PT como partido da ordem não denuncia. Nem mesmo a esquerda, com raras exceções.  
        Apesar das perdas e ganhos entre os partidos, o grande vencedor das eleições deste ano não foi nenhum partido, mas a enorme rejeição ao conjunto do regime político expressa pelos votos nulos, brancos e abstenções, que representou mais de 40% do eleitorado, perto de 30 milhões de votos. Esses votos superaram a soma da votação do primeiro e segundo colocados. A ofensiva contra o PT não conseguiu fortalecer na mesma proporção os partidos patronais. Todos se enfraqueceram e com eles o regime. O PT foi enfraquecido, mas não destruído. Sobreviverá como mais um partido patronal. Jamais será novamente alternativa para amplos setores mais conscientes do proletariado, mesmo que alguns, por falta de alternativa, ainda votem nele. Por mais que a direita tenha caluniado o PT, o seu caráter de partido patronal semelhante em tudo aos demais ficou demonstrado nesse processo. Existe ainda alguns, como Guilherme Boulos, do MTST, que propõe ao PT “retomar as bases de um projeto pautado em superar o atual sistema político”. Essa alternativa não existe. Até mesmo porque ele jamais se propôs a combater o regime político, nem mesmo nos tempos áureos. A sua trajetória de cada vez maior integração ao apodrecido regime político é irreversível. Devemos combater sem tréguas esses mercadores de ilusões.
        A enorme massa de desiludidos (votos brancos, nulos e abstenções) está órfã. O PSOL surge como um PT das origens, piorado. A vitória eleitoral da direita não impedirá as lutas contra os draconianos planos de ajuste, que une todos os partidos burgueses, inclusive, o PT e seus braços sindicais e populares: CUT, CTB, UNE, MST, etc. O acirramento das lutas, num quadro de enfraquecimento do regime e na ausência de uma alternativa proletária, pode abrir caminho para um regime ditatorial sem disfarces. O descontentamento expresso nestas eleições abre mais uma oportunidade aos trabalhadores para superarem a sua crônica crise de direção. Mas se isso não acontecer, aplaina o caminho para a direita fascista. É por isso que a construção de um partido revolucionário é a nossa tarefa primeira, segunda e terceira. Mas isso só é possível sobre os escombros políticos do PT e de todos os reformistas.