O PSTU está sendo criticado por parte da
esquerda (PCO, etc.) e mesmo pela revista Carta Capital com base num vídeo onde
Zé Maria defende que se deve “derrubar esse governo”, “por Dilma para fora” e
“criar uma alternativa de trabalhadores ao governo”. Em resposta a essas
críticas, publicou uma nota oficial, onde diz: “O PSTU não está propondo o
impeachment de Dilma. Não queremos colocar nas mãos deste Congresso Nacional
corrupto a solução da crise vivida pelo país”. “O que o nosso partido propõe é
que os trabalhadores, . . . , se organizem e lutem para derrubar o governo
Dilma, mas também Aécio Neves, Eduardo Cunha, Michel Temer e toda esta corja”.
Essa crítica ao PSTU, mesmo que correta,
é feita por quem não tem autoridade política para criticá-lo, porque parte dos
apoiadores do governo, em nome do combate a um possível golpe de Estado. Não
sabemos dizer quem é pior. O PSTU tem toda razão quando lhes devolve a crítica:
“Fazer o jogo da direita não é lutar contra esse governo, do qual a direita faz
parte, . . . , é tentar defender, fazer manifestações para blindar um governo
que é repudiado, e com toda razão, pelos trabalhadores. É isso que deixa nossa
classe nas mãos dessa falsa oposição que aí está”.
O crime do PSTU não está em criticar o
governo, mas em propor o Fora Dilma, que é, na aparência, radicalmente distinto
do objetivo da direita. Propõe: colocar Dilma pra fora e criar um governo dos
trabalhadores, sem patrões. A direita quer derrubar Dilma para criar um governo
antipopular ainda mais repressor. Essas alternativas, aparentemente
antagônicas, se transformam, na prática, uma na outra, pela simples razão de
que a primeira não existe. O PSTU sabe disso, está fazendo conscientemente o
jogo da direita. Os trabalhadores não estão em condições, em prazo razoável, de
“colocar Dilma pra fora”, mas a direita está. É por isso que a palavra de ordem
“Fora Dilma”, na atual conjuntura, serve exclusivamente a esta.
O PSTU confunde a propaganda do poder
proletário com a agitação do “abaixo o governo Dilma”, ele que sempre se omitiu
da propaganda do socialismo, o que faz esporadicamente em artigos de jornal,
apenas para a vanguarda. Jamais se dirige às massas para denunciar o
capitalismo, e denuncia quem o faz, a quem rotula de “ultra-esquerdista”, ou a
“ultra”, no seu jargão oportunista. Porque será que, justamente agora quando há
um movimento golpista de direita, o PSTU se fantasia de ultra, propondo
derrubar Dilma e criar um governo dos trabalhadores? Não seria a sua forma de
aderir à direita, disfarçado de esquerda?
Faz parte do passivo político do PSTU o
seu tradicional apoio às intervenções dos Estados Unidos (Líbia, Síria,
Ucrânia), sempre mascarado de apoio à supostas revoluções democráticas. No
Brasil, opõe-se ao governo Dilma por razões legítimas, como o combate aos
ataques liberais, mas também por outras razões inconfessáveis, ou seja, pelo
mesmo alinhamento ao imperialismo dominante e à opinião pública pequeno
burguesa. Os EUA não vêem com bons olhos a participação do Brasil nos BRICs e
os seus negócios com a China, embora Dilma também esteja se submetendo a ele e
implementando o seu programa.
Essa política antipopular do governo o
desgasta diante das massas e alimenta a campanha golpista de parte da direita,
que mobiliza a opinião pública pequeno burguesa. Isso seduz o PSTU (cuja
política se dirige ao mesmo setor social), mas não adere abertamente a essas
marchas por senso de preservação. Já o MRS, participa delas sem culpa. No nosso
país, o PSTU não pode se alinhar abertamente à direita, como o faz na Síria e
na Ucrânia, que estão muito longe das suas bases. Daí porque a sua proposta de
Fora Dilma vem justificada por um fantasioso governo dos trabalhadores. O seu
“ultra-esquerdismo” serve para dar uma aparência de esquerda à sua capitulação,
tentando agradar tanta a esquerda quanto a direita. Mas ninguém serve a dois
senhores. Não é ao proletariado a quem serve o PSTU.