Está em curso um ataque aos trabalhadores:
aos direitos trabalhistas, previdenciários, à saúde, educação, um tarifaço,
privatizações, principalmente, contra a Petrobrás. É um ataque conjunto do
governo e da oposição burguesa, a mando do imperialismo. A campanha da oposição
de direita pelo impeachment é uma forma de encurralar o governo, para que ele
mesmo implemente esses planos de arrocho, como, efetivamente, está fazendo. É
também uma forma de servir aos interesses dos Estados Unidos, que disputa
espaço aos BRICs, do qual o Brasil faz parte. Dilma criticou o liberalismo de
Aécio e, uma vez eleita, nomeou um ministério liberal, que bem poderia ser o
seu. O golpe (seja impeachment ou golpe militar) é uma possibilidade, a
depender de um maior desgaste do governo. A campanha da direita está
galvanizando a classe média e parte dos trabalhadores. O governo facilita a
tarefa do golpismo ao implementar o seu programa, pretendendo tornar o golpe
desnecessário. Isso é perigoso. Neste momento, desenha-se um acordão em torno
da Operação Lava Jato. Entretanto, o aprofundamento do desgaste pode tornar
viável o impeachment.
O
golpismo convoca os atos do dia 15.03 e desencadeia uma ampla campanha de
desmoralização do governo. O governismo (CUT, CTB, UNE, MST, etc.) sai também à
rua, em defesa de Dilma, convocando os atos do dia 13.03 com uma pauta
contraditória: - reforma política; - assembléia constituinte; - nenhum direito
a menos; - contra a corrupção; - contra a política recessiva. Como é possível
reivindicar “nenhum direito a menos” sem combater o governo, que está retirando
direitos no atacado? Como é possível combater a política recessiva com o
banqueiro Joaquim Levy no Ministério da Fazenda? Ou pedir uma reforma política
democrática, quando o governo está apoiando a contrarreforma política da
direita? Isso é demagogia barata de pelegos governistas que procuram encobrir
seu apoio ao programa da burguesia contra o povo. Parte da esquerda chama a
participação nesses atos da burocracia, em nome de uma suposta unidade contra o
golpe. Não se pode combater o golpismo apoiando o governo.
A Conlutas lidera outra frente que chama
os atos do dia 12.03, na perspectiva da criação de uma alternativa aos dois
blocos burgueses, entendendo que o governo não está em disputa, com o que
concordamos. Entendemos que os trabalhadores devem levar uma luta defensiva,
tendo como eixo o combate aos planos de arrocho (MPs 664 e 665); contra os
aumentos de tarifas; contra a privatização da Petrobrás e contra o movimento
pró-impeachment. O impeachment significaria uma maior ofensiva contra os
trabalhadores, não porque Dilma seja melhor que Temer ou Aécio. Combatemos o
movimento pró-impeachment do ponto de vista da independência de classe, sem
qualquer apoio ao governo.
Essa
luta, para ser consequente, requer a denúncia implacável da CUT, CTB, MST, UNE,
como coniventes com esses ataques e a corrupção. A sua denúncia da corrupção é
uma farsa, na medida em que levam livre o governo e não fazem uma investigação
independente, como teriam condições de fazer. Não cabem exigências à CUT e ao
MST para que rompam com o governo. Isso é uma versão indireta da tese do
governo em disputa. No caso, a CUT em disputa. Também não é correto levantar a
bandeira de uma reforma política, porque essa é a palavra de ordem com a qual o
governismo tenta encobrir as suas traições e não existem as mínimas condições
para uma reforma democrática. Devemos, sim, desmascarar a contrarreforma
política em andamento.
Essa
luta de resistência deve opor-se aos ataques da burguesia, denunciar o
peleguismo atual, visando à criação de sindicatos independentes e de um partido
revolucionário. Somente assim o proletariado poderá colocar na ordem do dia os
seus objetivos maiores: a estatização integral da Petrobrás, que deve coincidir
com a expropriação do grande capital e a inauguração do socialismo.