Declaração da Luta Marxista – 29.07.14
A oito de julho, Israel desatou o fogo
do inferno sobre a população palestina de Gaza. Um dos exércitos mais poderosos
do mundo perpetra mais um massacre contra uma população indefesa, sem exército.
O Hamas, que é a direção palestina, não tem aviação e nem tanques, apenas armas
leves e alguns foguetes artesanais. O lançamento desses foguetes sobre o
território israelense e a morte de três adolescentes judeus na Cisjordânia
serviram de pretexto para o massacre. Perante a opinião pública mundial, os
genocidas sionistas posam cinicamente de defensistas. A agressão colonialista é
vendida como “legítimo direito de defesa do Estado de Israel”. Hitler valeu-se
dos mesmos argumentos para invadir a Polônia, a Checoslováquia e a Europa.
Somente a cumplicidade da grande imprensa venal torna essa manipulação
possível. Os fatos são distorcidos de maneira a que o agressor passe por
agredido.
Garantido o apoio da opinião pública, o
sionismo sentiu-se com as mãos livres para praticar o seu esporte macabro, já
costumeiro: assassinar e expulsar das suas terras a população palestina. Dos
seus escritórios em Tel-Aviv, manejando mouses, os carrascos guiam os seus
Drones (aviões teleguiados) para despejar bombas de fósforo branco (semelhantes
ao napalm) ou de fragmentação sobre populações civis. Estão a testar a
eficiência das suas novas máquinas de matar. Israel sustenta-se na indústria
bélica, uma das maiores do mundo, sendo o Brasil um dos seus clientes.
O Estado judeu não nega as centenas de
mortes e milhares de mutilados civis, mas denomina isso “efeito colateral”. O
seu objetivo seria defender-se, destruir o “terrorista” Hamas. As mortes civis
seriam uma consequência involuntária, porque o Hamas usaria a população como
escudo. Cinismo pouco é bobagem. Um jornalista ocidental testemunhou a morte de
meninos que jogavam bola na praia. Um avião despejou bombas sobre eles e tornou
a atacar aqueles que fugiam. Esse é apenas um exemplo entre milhares do tal
“efeito colateral”. Como a população de Gaza, em parte apoia o Hamas e vive no
mesmo território, toda ela é considerada escudo e, por isso, pode ser
“legitimamente” atacada.
Israel não combate o suposto
“terrorismo” do Hamas, como alega. O seu principal alvo é a população
palestina, a quem dedica-se a expulsar das suas terras desde 1948, ou mesmo
antes. É uma política colonialista planejada. Todas as negociações acenando
para a criação de dois Estados, judeu e palestino, foram farsas, seu verdadeiro
objetivo sempre foi legitimar a ocupação. Dos acordos de Oslo, Camp David, etc,
resultou o reconhecimento do Estado sionista pela OLP e outros estados árabes.
A ocupação foi legitimada. O permanente expansionismo sionista faz com que
quase nada mais reste do território palestino. O que resta, Gaza e Cisjordânia,
constituem-se em campos de concentração palestina. Falta pouco para a
concretização total do sonho sionista de criação da Grande Israel. Alguns
sionistas mais afoitos, ou mais sinceros, não escondem que o seu objetivo é a
“solução final”: a expulsão total dos palestinos dos territórios que ainda lhes
restam. Liberman, ex-ministro do
exterior, recentemente defendeu jogar bombas nucleares sobre Gaza e expulsar os
palestinos da Cisjordânia.
O pretexto imediato para o bombardeio
foi o sequestro e morte de três adolescentes judeus na Cisjordânia, em junho,
filhos de colonizadores. O governo Netanyahu acusou imediatamente o Hamas, que
negou o fato, e desencadeou uma brutal repressão, prendendo e torturando
centenas de palestinos. O jornal israelita Haaretz, publicou declaração do
chefe do Mossad (serviço secreto) em que este previa antecipadamente o sequestro de jovens na Cisjordânia. A história é estranha. Não se descarta o
dedo do Mossad. Quem sabe, o crime tenha sido obra de outros grupos, como o
Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), que reivindicou o fato (o mesmo
que está aterrorizando o Iraque). Segundo Edward Snowden, o EIIL foi criado
pelo próprio Mossad e pelos Estados Unidos e a Inglaterra. O uso dessas mortes
é mais um pretexto de Israel.
Somos violentados diariamente pela
propaganda pró-sionista que enfatiza o “direito de existência” de Israel, e,
portanto, de defender-se. Uma farsa em todos os sentidos. Israel não está na
defensiva. Trata-se de uma potência agressiva, colonialista, que já expulsou a
maior parte da população palestina. Defender o “direito de existência” de
Israel, na prática, significa aplaudir a expulsão dos palestinos, que se repete
durante setenta anos. O crime original foi a própria partilha da palestina pela
ONU, em 1948. Que direitos teriam os judeus sobre a palestina, após dois mil
anos da sua expulsão pelo romanos? Quem sabe, o crime, maior ainda, tenha sido
a criação de um Estado fundamentalista judeu, baseado no princípio de que os
judeus são “o povo eleito”, superiores. Esse é o mesmo princípio do nazismo,
apenas com o sinal inverso. Não existe maior fonte de violência do que as
idéias fascistas de superioridade racial.
Os que defendem o “direito de existência” de
Israel apoiam essa barbárie. Nem um Estado racista tem o direito de existência.
A ideia iluminista de separação da igreja do Estado está sendo diariamente
posta no lixo. Não defender o direito de existência de Israel, não significa
jogar os judeus no mar, mas substituir o Estado racista por um estado
multiétnico, de igualdade e respeito entre todas as “raças”, culturas e
religiões. O sionismo não representa o povo judeu, mas uma minoria de
parasitas, banqueiros e magnatas. É igualmente nefasto o fundamentalismo
muçulmano, que considera os praticantes de outros credos como infiéis e prega
um Estado baseado na Sharia, a lei islâmica. O fundamentalismo judeu alimenta o
seu equivalente muçulmano, e os dois o festival de horrores entre os povos da
região.
As razões “colaterais” do
massacre
A razão principal do atual massacre é a
histórica política planejada de expulsão da população palestina das suas terras,
para a concretização do plano sionista da Grande Israel. Isso somente pode ser
viável através de guerras permanentes. Por isso, ao sionismo não interessa a
paz. Mas existem também outras razões “colaterais”, vinculadas a esta:
1
– a promoção da indústria armamentista, principal setor econômico de Israel. Isso
pressupõe o teste dos seus novos armamentos;
2
– adonar-se das recentemente descobertas jazidas de gás e petróleo em Israel,
nos territórios ocupados e nas fronteiras com Líbano e Síria;
3
– impedir a exploração do gás palestino pela Rússia (Gazprom), conforme recente
acordo entre Mahmud Abbas e Putin;
4
– contornar as divergências internas do regime, unificando-o contra o inimigo
comum e mantendo aceso o ódio anti-palestino;
5
– impedir a formação de um Estado palestino, mesmo que fantoche, porque isso
implicaria em uma relativa paz e o abandono da política da Grande Israel;
6
– sabotar, pelas mesmas razões, o processo de paz de Obama, que implicaria no
fim de novos assentamentos;
7
– sabotar o acordo entre o Hamas e a Autoridade Nacional Palestina, que traz
consigo a ilusão de um Estado Palestino, mesmo que tutelado por Israel.
A nossa política
Enquanto as bombas caem sobre Gaza, Luta
Marxista declara e exige:
-
o fim imediato dos bombardeios;
-
fora as tropas sionistas de Gaza e da Cisjordânia;
-
ampla campanha unitária de agitação e propaganda anti-sionista e anti-imperialista.
Israel é um braço do imperialismo e não sobrevive sem o seu patrocínio;
-
o sionismo não se apóia apenas na força militar, mas também na opinião pública.
Por isso, é preciso desmascarar impiedosamente todos os seus cúmplices: a
grande imprensa venal, os intelectuais mercenários e os governos subservientes,
não apenas aqueles que lhe dão sustentação direta (Estados Unidos e União
Européia), mas também os seus cúmplices menores, aqueles que fazem declarações
ambíguas e cínicas: contra os “excessos” de Israel, mas a favor do seu direito
de existência e de defesa, o que equivale ao direito de colonização. Esse é o
caso do governo Dilma. Um lugar privilegiado nessa alcateia de lobos ocupam os
regimes árabes. Destaca-se o papel do Egito, que, ao fechar as suas fronteiras
com Gaza, torna possível o seu completo cerco por Israel.
Não se pode exigir de governos subservientes
que rompam com Israel, como faz a esquerda conciliadora e traficante de
ilusões. Aos cúmplices do imperialismo, não se exige, se desmascara. A melhor
defesa de Gaza, é minar o apoio da opinião pública ao sionismo;
-
o fim da atual ofensiva, não significa garantia aos palestinos. O terror de
Israel é permanente. Não há solução para eles enquanto subsistir o Estado
sionista. Lutamos pela destruição do Estado sionista e pela criação de um
Estado laico, não racista e socialista. A velha bandeira da OLP, por um Estado
laico, democrático e não racista, apesar dos seus aspectos progressistas, não
pode ser a nossa divisa, porque não propõe o socialismo, mas um Estado
democrático, ou seja, burguês. Não existe solução dentro do capitalismo. A
esquerda (morenistas, entre outros) ao defender essa consigna antiga da OLP,
admite que não pretende sair dos marcos capitalistas;
-
defender o socialismo como solução para a palestina também é insuficiente,
porque o capitalismo é internacional e dominado pelo imperialismo. É impossível
um socialismo restrito ao oriente médio, menos ainda à palestina. A questão
palestina, como qualquer outra, somente se resolve na arena mundial, na luta
contra o imperialismo e pelo poder universal do proletariado. É por isso que a
nossa propaganda deve ter como eixo central o internacionalismo, a denúncia do
capitalismo. É preciso criar um amplo movimento de massa conscientemente anticapitalista,
tudo aquilo que a esquerda conciliadora não faz. Para ela a denúncia do
capitalismo e a propaganda do socialismo é coisa para os dias de festa.
- FORA O SIONISMO NAZI-FASCISTA DE GAZA;
- ABAIXO O TACÃO IMPERIALISTA IMPERIALISTA SOBRE OS POVOS;
- VIVA A LUTA E A UNIDADE DOS TRABALHADORES, QUE NADA TÊM A PERDER, A NÃO SER AS SUAS AMARRAS;
- VIVA O SOCIALISMO.